
Após o rompimento da barragem de Fundão, ocorrido no dia 5 de novembro de 2015, no município de Mariana, a Bacia do Rio Doce foi afetada com o despejo de milhões de toneladas de rejeitos de mineração, prejudicando o meio ambiente e a vida de milhares de pessoas.
Diante da situação, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) tem investido em pesquisas e no desenvolvimento de tecnologias para ajudar na recuperação da Bacia do Rio Doce e dos ecossistemas associados.
O objetivo é encontrar soluções amplas que contemplem os diversos problemas provocados pela tragédia. “Isso significa, por exemplo, que soluções para o uso do solo dialoguem ou contemplem soluções para a qualidade da água ou para a recuperação da biota, e assim por diante”, explica o assessor da Diretoria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fapemig, Rafael Pessoa.
Alguns fatores estão sendo determinantes para a escolha de projetos, como soluções objetivas e a participação em rede de instituições e comunidades, podendo o conhecimento adquirido ser utilizado no futuro em outras bacias degradadas. Outro aspecto considerado é o nível de recuperação da bacia. A intenção é fazer com o que o Rio Doce recupere os níveis de qualidade que tinha há cerca de 20 anos.
O investimento da Fapemig é de R$ 4 milhões. A iniciativa também conta com investimento da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Agência Nacional das Águas (ANA).
Ação em andamento
Entre os projetos escolhidos na Chamada realizada em julho de 2016, está o “Tecnossolos do Rejeito de Mineração de Ferro da Barragem de Fundão”, do professor Carlos Schaefer, da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
O projeto pretende recuperar áreas de cultivo danificadas sem retirar os rejeitos que foram despejados. Para isso, são utilizados métodos de cobertura com materiais agrícolas, aliados à correção do solo com adubação ou calcário. O trabalho começou a ser desenvolvido poucos dias após o rompimento da barragem e passará a ter o apoio da Fapemig.
“A gente quer que isso seja replicado para, se possível, todas as áreas que foram afetadas. A nossa estratégia é tentar tratar e remediar com o mínimo impacto adicional”, destaca o pesquisador.
Cerca de 30 hectares entre os municípios de Barra Longa e Rio Doce já foram recuperados e apresentam resultados positivos para a produção agrícola por meio de técnicas de correção de solo. Outros 90 hectares estão em tratamento ou pesquisa. A expectativa é levar as técnicas desenvolvidas para os locais de cultivo ao longo da bacia. São cerca de 500 hectares potencialmente recuperáveis.
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